Num passeio pela praia

Pára e ouve...

Quantas histórias terão estes bancos e barcos, agora sozinhos, para contar a quem se disponha a ouvir?

Efemeridade da solidão....

Nas águas revoltas do mar
sinto-me a naufragar...


Estou só no mundo,
perdido de tudo..
menino sem rumo
me podem chamar...

-Dá-me a tua mão, vá não tenhas medo
e verás que a solidão é apenas um momento....

Little town....

Meu pequeno país...

Little boat....

Play with love....

Porque "o essencial é invisivel aos olhos"....

Noite... cruel companheira

A noite cai e teima em trazer consigo memórias da tua presença...

Estás em todo o lado
nas fotos cheias de vida espalhadas pela casa imersa em solidão,
nas músicas que rompem com o silêncio da noite,
no meu corpo que reclama o teu.... avidamente...

Sinto-me só
ruídos de passos ausentes denunciam que não estás
e o meu choro
continuado
e sem
consolo
tem como única e fiel companhia a noite....
a mesma noite que me mostra continuamente que estou só.

Fanatismo (Florbela Espanca)

"Minh'a alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

«Tudo no mundo é frágil, tudo passa...»
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos pstos em ti, digo de rastros:
«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...»"