domingo, 31 de agosto de 2008

Atrevam-se a esperar das pessoas


Desde criança que ouço dizer (por excesso de zelo, talvez): "nunca esperes demasiado das pessoas porque acabas por te decepcionar"! Pois, se é verdade que isso acontece (infelizmente, com mais frequência do que desejaríamos), também é facto que se nos dermos a conhecer e conhecer-mos verdadeiramente determinadas pessoas, podemos ser bastante felizes.... Quando temos a audácia de nos aproximamos das pessoas e somos correspondidos em sentimentos (seja em amor ou amizade) não há nada de mais gratificante, tornamo-nos mais ricos, aprendemos inúmeras coisas e partilhamos e ensinamos outras tantas... Tristes daqueles que não se atrevem a esperar das pessoas (mesmo sabendo que podem vir a sofrer) pois não vêm o quanto podem estar a perder por receio!
Ernest Hemingway disse um dia "nenhum homem é uma ilha", acho isto que demonstra o quanto ter alguém por perto nos pode fazer felizes!
P.S. Adoro-vos meninos :)

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Tempestade

No silêncio da noite o vento sussurra-me ao ouvido, com a sua melodia cruel e fria, que estou sozinha...
O som que ele emite ao dizer isso é tão arrepiante que sinto um calafrio de medo a percorrer-me o corpo.
Que solidão invade o meu quarto! Que ruídos surdos me estremecem a alma! Paro e ouço.... o som parece modificar-se, o som que agora ouço parece dizer “ vem ter comigo”!
Será que és tu quem me chama? Escuto mais uma vez, agora com redobrada atenção.... a melodia persistente do vento parece continuar a dizer “vem ter comigo!”....
Olho em redor, não está cá ninguém....
Ainda escuto esse apelo “vem, vem ter comigo!”
És tu meu amor? Também pensas em mim?
Agora, nova dúvida persiste: ouço mesmo a tua voz ou é apenas o meu desejo que modifica o simples ruído do vento?
A angústia a apoderar-se de mim... oh! Não consigo distinguir! É tudo tão confuso....
A chuva caí, dificultando cada vez mais a minha percepção...
Penso: devo seguir o meu coração? Ir de encontro a essa tempestade que me chama?
“Vem ter comigo!”....
Ainda me chamas.... mas agora o som está cada vez mais fraco, mais indistinto.... o vento cada vez mais distante....
“Amo-te”! Respondo, na esperança vã que o mesmo vento te leve as minhas palavras....

Desejo....


Uma caricia,
o corpo pede sempre mais,
um beijo,
a boca a demorar-se,
a respiração altera-se, é pesada...
as mãos vagueiam sabendo exactamente
onde querem ir e o que fazer....
O desejo aumenta
na antecipação do que virá
o desejo impera....
Olhas-me, olho-te e nesse delicioso momento
fechamos os olhos e sorrimos....

Serei feliz? Tenho tudo o que desejei? O que preciso fazer para alcançar a felicidade?

Penso: Será que ela não está no momento presente em que fazemos essas perguntas e não a vemos por estarmos demasiado concentrados a procura-la onde não está.....

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

"Muitos triunfariam nas coisas modestas, se não estivessem obcecados por grandes ambições"
(Henry Longfellow).
Simplicidade

terça-feira, 26 de agosto de 2008

"Penso: talvez os homens existam e sejam, e talvez para isso não haja explicação; talvez os homens sejam pedaços de caos sobre a desordem que encerram, e talvez seja isso que os explique" (José Luís Peixoto em Nenhum Olhar).
"Penso: talvez haja uma luz dentro dos homens, talvez uma claridade, talvez os homens não sejam feitos de escuridão, talvez as certezas sejam uma aragem dentro dos homens e talvez os homens sejam as certezas que possuem" (José Luís Peixoto em Nenhum Olhar).

Falas de civilização


Falas de civilização...
Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!
( Alberto Caeiro)

Sobre a vida (Vergilio Ferreira)

" Entre uma infinidade de hipóteses de não teres nascido, saiu-te a sorte de teres nascido. Se te tivesse saído a "sorte grande", haveria gente que se admiraria de isso te ter acontecido. Tu mesmo dirias talvez que parecia um "sonho", que era inacreditável, que ainda não tinhas caído em ti do assombro. Mas essa sorte foi a de um número entre dezenas de milhares ou mesmo centenas. Mas teres nascido é ter-te saído a sorte entre biliões e biliões e biliões de hipóteses negativas. Saiu-te o número inscrito numa areia do universo. Tens pois o privilégio incrível de veres o sol, as flores, os animais. De ouvires as aves e o vento. De. E todavia, como esqueces isso tão facilmente. Breve tudo se te apagará em silêncio. Breve a oportunidade de estares vivo cessou. Provavelmente ninguém mais saberá que exististe. E mesmo dos que o souberem, não se saberá um dia. Num momento não muito longínquo morrerá o último homem sobre a face da Terra. Esse é, aliás, o momento da tua própria morte, porque tu és o primeiro e o último homem que nasceu. Tudo é rápido e contingente e miraculoso. Tudo é rápido e sem consequências. A única consequência és tu e a vida que viveres. Não a desperdices. Não inutilizes a fabulosa sorte que te calhou. Vê. Ouve. Pára, escuta e olha, que a morte vai passar. E terás cumprido ao menos, um pouco do teu dever de gratidão."

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

pessoas v.s. animais

Os dias passam e pergunto-me: será que, a uns anos atrás, quando imaginava a minha vida aos 22 (quase 23 anos) será que me via exactamente como estou agora ou mais ou menos feliz?? Hum... não sei, sei que ao fazermos uma reavaliação da nossa vida vemos que perdemos muita coisa pelo caminho... locais onde não fomos, pessoas que gostariamos de ter beijado, abraçado, coisas que deviamos ter dito.... Penso: porque só pensamos no que não alcançamos em vez do que no que conseguimos? Para essa pergunta é tão clara a resposta: nós, os humanos, ao contrário dos animais (irracionais) desejamos sempre mais, nunca estamos satisfeitos, a felicidade para nós está sempre no amanhã e não no presente...
Por essa razão e, ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa (até mesmo da profissão que escolhi), estou a ganhar mais afeição pelos animais (irracionais) às pessoas, acho que estes, ao contrário dos humanos, são felizes com o que têm e são muito mais genuínos ao mostrar os sentimentos (basta olharmos para um cão para e ver a sua reacção quando gosta ou não de uma pessoa, se gosta lambe-lhe a cara e é carinhoso, senão vemo-lo a ladrar e a mostar os dentes).... se ao menos conseguissemos antever nas pessoas a vontade de nos lamber ou morder, era tão fácil saber quando deveriamos aproximar-nos ou fugir..... para não nos magoarmos.....